sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Bíblia e o carro elétrico

Por PEDRO VALLS FEU ROSA

Nos últimos anos temos visto o entusiasmo da raça humana com os veículos elétricos, que são silenciosos e não poluem. A alegria é justificável: a poluição do ar mata quase 3,5 milhões de pessoas a cada ano. Podemos dizer, com absoluta certeza, que o carro elétrico é uma das novidades mais cobiçadas dos últimos tempos por todos que desejam uma melhor qualidade de vida.

Porém, segundo a Bíblia, não há novidade alguma! Confira-se: “aquilo que foi voltará a ser, o que está feito voltará a fazer-se, não há nada de novo debaixo do sol”. Pois é. E não é que este texto bíblico está certo? Por incrível que pareça, os carros elétricos foram como os dinossauros: habitaram este planeta durante muito tempo até que desapareceram misteriosamente.

É esta incrível história que o jornalista norte-americano Edwin Black relata em seu livro Combustão Interna, lançado já há algum tempo. Esta obra demonstra como poderosas empresas do ramo de transportes e petróleo se uniram para varrer do planeta o uso do carro elétrico, abrindo caminho para os poluentes motores a gasolina e óleo diesel.

Segundo consta, o carro elétrico foi inventado no já distante ano de 1830. Por volta do ano 1900, inacreditáveis 90% dos táxis que rodavam na cidade de Nova York eram elétricos, como também eram elétricos os bondes utilizados no transporte público. Naquela época proliferavam não os postos de gasolina, mas futuristas estações de recarga.

Eis que algumas grandes empresas perceberam que veículos a gasolina poderiam ser vendidos por preços mais elevados. Segundo o autor declarou, em entrevista à revista Superinteressante, “o plano era vender os carros a combustão a um valor alto, só para os ricos. Até que um fabricante de Detroit resolveu seguir seu próprio caminho. Era Henry Ford, que planejava produzir carros a combustão baratos. Ford teve de enfrentar anos de batalhas judiciais contra os cartéis para conquistar o direito de produzir seus automóveis. Mas, quando finalmente ganhou a guerra nos tribunais, percebeu que os EUA estavam se tornando um lugar sujo com a fuligem gerada pelos motores a gasolina”.

O autor, destacando que nos EUA, já em 1912, algumas revistas e jornais advertiam para os problemas ambientais dos carros a gasolina, registra que houve então nova reviravolta: Ford se uniu ao cientista Thomas Edison em um projeto para produção de um carro elétrico barato e acessível a todos.

Perguntado sobre o que causou o fracasso deste projeto, o autor deu uma chocante resposta: “Uma aparente sabotagem nas baterias. Elas saíam em boa condição da fábrica de Edison, em Nova Jersey, mas não funcionavam quando chegavam à Ford, em Detroit. Em 1914, quando tentava fazer uma bateria à prova de manipulações, seus laboratórios foram destruídos por um misterioso incêndio”.

Sobre o transporte público o autor revela que, em 1925, as vias elétricas transportavam 15 milhões de passageiros por ano nos EUA. Até que, em 1935, um conglomerado de poderosas empresas criou uma tal NCL, ou National City Lines. E eis que esta NCL começou imediatamente a comprar as empresas de transporte que utilizavam veículos elétricos. Após comprá-las, os ônibus elétricos eram queimados, a fim de que não pudessem mais ser utilizados, e substituídos por modelos a gasolina. Segundo denuncia o autor, isto aconteceu em 40 cidades norte-americanas, até que houve uma acusação de conspiração, reconhecida pelo Poder Judiciário daquele país – mas aí já era tarde demais!

O resto da história nós conhecemos: milhões de seres humanos mortos pela poluição do ar e guerras intermináveis pelo petróleo, que ainda semeiam tanta dor e sofrimento pelo mundo afora. Em verdade, a série de desgraças tem sido tão grande que a humanidade já começa a ensaiar um retorno de mais de cem anos no tempo, rumo ao carro elétrico.

Diante do que estes empresários fizeram à raça humana, fico a pensar na acusação de Maquiavel: “a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer a uma vontade presente, ele não pensa no mal que dentro em breve daí pode resultar”. Talvez, em verdade, devessem ser dedicadas a eles as palavras de Pascal: de que vale ao homem conquistar o mundo, se perde a alma?

PEDRO VALLS FEU ROSA é Desembargador do Poder Judiciário Brasileiro, Relator da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e Presidente do Tribunal Eleitoral do Espírito Santo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Brasil terá fábrica nacional de carros elétricos em 2014, diz Eike Batista

Brasil terá fábrica nacional de carros elétricos em 2014, diz Eike Batista

Agência Brasil, 15/09/2010

Rio de Janeiro – O país terá uma frota de veículos elétricos nacionais circulando pelas ruas em 2014. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (15/9) pelo empresário Eike Batista. A planta será construída ao lado do Super Porto do Açu, em São João da Barra, no norte fluminense, a um custo inicial de US$ 1 bilhão. Eike afirmou que vai buscar financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ressaltou que a composição acionária da nova empresa será majoritariamente brasileira.

rodução inicial será de 100 mil veículos, totalmente movidos por baterias elétricas, com tecnologia japonesa e europeia. Eike estimou que, há espaço no mercado brasileiro para uma nova fábrica de veículos.

“A gente está enxergando que, nos próximos dez anos, o Brasil vai consumir oito milhões de automóveis por ano. Então, tem espaço para gente nova, tem espaço para a indústria nacional, até pelo carinho que o brasileiro teria em comprar um carro bem feito. Vai ser uma empresa nacional, com know-how estrangeiro”, disse Eike, durante a Exposição Rio Oil & Gas, que reúne as principais empresas de petróleo e gás do mundo.

O presidente da EBX, considerado o oitavo homem mais rico do mundo, frisou que os carros elétricos representam uma tendência definitiva. Segundo ele, as baterias serão de tecnologia japonesa e o restante do veículo – para cinco passageiros e autonomia de 160km – terá concepção e design europeu e brasileiro.

“O negócio do carro elétrico é irreversível. A pessoa que gasta R$ 200 por mês em combustível, num carro elétrico, botando ele na tomada à noite, vai gastar menos que R$ 20. O problema hoje ainda é que o custo inicial da compra do carro está caro, mas o preço das baterias está despencando. Tem uma revolução acontecendo nessa área”.

Entre as facilidades do complexo de Açu para abrigar o projeto, Eike citou a sinergia entre o complexo portuário que está sendo construído, pela empresa LLX, de sua propriedade, duas siderúrgicas, de capital estrangeiro, e uma usina termelétrica, além da existência de estradas de ferro e rodovias para escoamento da produção.

“Só pela logística do Açu, a gente ganha US$ 200 por automóvel, o que é muito dinheiro. Os incentivos naturais estão na eficiência da logística. Vão atracar no Porto do Açu os maiores navios contêineiros, a um custo imbatível. Em qualquer país do mundo, você tem que pensar que o mix de algo montado no país possa ser até 50% vindo de fora. Se você agrega os outros 50% de indústria nacional, mais mão-de-obra, você acaba tendo 70% do coeficiente do país. É isso que a gente quer. A indústria brasileira de autopeças, assim que a gente passa de 20 mil unidades [de veículos], ela se instala em volta”.

Eike não disse quantos empregos terá, mas informou que cada vaga gerada em uma montadora gera 15 empregos nas empresas da cadeia. O empresário espera entrar com projeto de financiamento no BNDES dentro de 12 meses e que o banco terá interesse em apoiar a iniciativa.

O empresário afirmou que este será o primeiro carro brasileiro, depois da experiência do empresário João Augusto Gurgel, nos anos 70 e 80, que chegou a produzir 43 mil veículos 100% nacionais. “Este é o meu conceito”. Perguntado onde Gurgel havia falhado, Eike respondeu: “O Gurgel quis conceber um carro do zero. Na época ele usava motor Volkswagen. Aí ele foi desenvolver um motor próprio, uma caixa de mudança própria e entrou em uma seara complicada”.

Eike ressaltou que o veículo elétrico também deverá receber incentivos por conta de questões ambientais, pois não polui e praticamente não produz ruído. Ainda sem nome determinado, ele sugeriu que a fábrica poderia se chamar FBX, de “Fábrica Brasileira de Automóveis”, mais a letra X, que aparece em todas suas empresas.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Descoberta jazigas de gás natural na bacia do rio S. Francisco

Ontem foi anunciado a descoberta de jazidas significativas de gás natural na região mineira do rio São Francisco. A confirmação foi feita nesta semana pela Orteng, empresa líder do consórcio de exploração de combustível no estado.

Depois de duas décadas de estudos, a Petrobras abandonou a iniciativa, o que levou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) a fazer nova licitação das áreas. A busca pelo gás natural recomeçou em julho, com perfurações de até 2.500 metros de profundidade. Em Morada Nova de Minas, o gás foi encontrado a 1.440 metros.

A bacia do São Francisco é considerada de grande potencial para a descoberta de gás natural, com características semelhantes às da Sibéria (região que se estende pela Rússia e pelo Cazaquistão). Especialistas dizem que seria o caminho mais fácil para que o Brasil, como aconteceu com o petróleo, alcance a autossuficiência em gás, eliminando a dependência da Bolívia.