sábado, 19 de junho de 2010

É inaugurado a maior siderúrgica do Brasil

TKCSA: MAIOR INVESTIMENTO PRIVADO NOS ÚLTIMOS 15 ANOS NO PAÍS

Monitor Mercantil, 08/06/2010

Exportação de placa de aços crescerá 40%

Siderúrgica nasce da parceria entre a ThyssenKrupp Steel (73,13%) e a Vale (26,87%)


A ThyssenKrupp e a Vale inauguraram com a presença do presidente Lula, o maior investimento privado realizado no Brasil nos últimos 15 anos: a TKCSA - Companhia Siderúrgica do Atlântico. Localizado na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, o projeto recebeu investimentos de cerca de US$ 8,2 bilhões e é fruto da parceria da ThyssenKrupp Steel, maior produtor de aço da Alemanha e principal acionista (73,13%) e da Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, que participa com 26,87%.

A exportação de toda a produção de 5 milhões de toneladas anuais de placas de aço pela ThyssenKrupp CSA representará um aumento de 40% nas exportações brasileiras do metal e uma contribuição anual de US$ 1 bilhão no balanço de pagamentos do Brasil. "Essas modernas instalações são motivo de orgulho para nós porque concretizam nossos mais caros princípios, como a busca pela inovação tecnológica a serviço da produção eficiente com respeito à comunidade e ao meio ambiente", afirma o CEO da ThyssenKrupp, Ekkehard Schulz. "Nosso papel é fomentar o crescimento da produção siderúrgica no Brasil, gerando riqueza e desenvolvimento sustentável. A TKCSA é a concretização disso", completa o diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli.



Valorização do real



A valorização do real desde 2004, quando foi firmado o acordo da entre a Vale e a ThyssenKrupp para a construção da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), foi o principal fator para o aumento de 30% no custo total do projeto, informou Agnelli. Após a inauguração da CSA, Agnelli contou que a apreciação do real elevou o preço em dólares do projeto, que envolveu a importação de equipamentos. "Ficou bem caro, pelo menos uns 30% acima do inicialmente previsto. Entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de euros ficou por conta disso: variação cambial, o atraso e alguns equipamentos que também provocaram atrasos no projeto. Mas a maior parte foi câmbio", afirmou.

Além parceira no empreendimento, a Vale é responsável pelo fornecimento do minério de ferro que será utilizado pelo complexo siderúrgico, por meio de um contrato de 15 anos com a ThyssenKrupp. Este é o contrato de maior duração já firmado pela mineradora.



Compras de R$ 10 bilhões



As compras de produtos e serviços no Brasil durante a fase de implantação atingiram, até maio, R$ 10 bilhões, sendo mais de R$ 5 bilhões somente no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, durante a construção, também R$ 1,6 bilhão foram pagos em salários e encargos trabalhistas. Foras contratados 30 mil operários para a construção e serão mais 3.500 vagas para a fase operacional. "A economia local continuará sendo prioridade nas aquisições de produtos e serviços durante a fase operacional, estimadas em R$ 250 milhões anuais", afirmou Schulz.

Agnelli, disse que as parcerias da Vale em projetos de siderurgia visam "garantir mercado" para o aço produzido nestes empreendimentos. Segundo ele, a companhia não está procurando parceiros para a Aços Laminados do Pará (Alpa), mas está aberta a potenciais novos parceiros no projeto da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, no qual já conta com a parceria da coreana Dongkuk. "Queremos parcerias nas siderúrgicas para que já nasçam com mercado. A grande questão é ter mercado para colocar os produtos, o mercado brasileiro não comporta toda a produção", disse.



Mercado brasileiro



No entanto, Agnelli afirmou que está otimista em relação ao desenvolvimento do mercado brasileiro e que considera o país "o melhor do mundo para produzir aço". "Se o Brasil continuar crescendo no ritmo de 4% a 6% ao ano, o consumo de aço vai crescer muito e o excedente que há hoje vai acabar logo". O executivo acredita que a capacidade máxima de produção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), de 5 milhões de toneladas, será atingida em prazo inferior a três ou quatro anos. Schulz, avaliou que, no prazo de três a quatro anos, a economia mundial terá retomado o ritmo de antes da crise e, nesse momento, a capacidade instalada da siderúrgica já terá sido atingida ou ampliada.

Na opinião de Agnelli, o atual preço do minério "depende do comportamento do mercado". A demanda pelo produto continua firme, liderada pela China e outros países da Ásia, enquanto a Europa registrou leve recuperação em relação ao ano passado, ou seja, a demanda que determina o preço continua muito forte. "Para frente, temos que aguardar os acontecimentos, sobretudo na Europa. Sou otimista e acho que o mercado continua firme, mas se o preço vai oscilar para cima ou para baixo, é o mercado que vai dizer", comentou o executivo.



US$ 21 bilhões em projetos siderúrgicos



A Vale também informou que iniciará as obras da nova siderúrgica em Marabá, a Aços Laminados do Pará, na próxima terça-feira (22). Agnelli disse ainda que a Vale está buscando novos parceiros para investir na siderúrgica do Pecém, no Ceará, um empreendimento da mineradora brasileira com a empresa coreana Dongkuk.

Os projetos siderúrgicos nos quais a Vale está diretamente envolvida totalizam US$ 21 bilhões, com geração de mais de 80 mil empregos na implantação. Na operação, todos os projetos juntos deverão gerar mais de 18 mil empregos diretos e 52 mil indiretos. Além disso, estes projetos irão somar 18,5 milhões de toneladas por ano à produção siderúrgica nacional, que em 2009 foi de 42,1 milhões de toneladas de aço bruto, segundo o Instituto Aço Brasil.

A estratégia de longo prazo da Vale na siderurgia é promover o consumo de minério no Brasil apoiando o desenvolvimento do setor siderúrgico no país. "Entendemos que o Brasil é o melhor lugar para se produzir aço. Por isso, temos estimulado parcerias com nossos clientes para aumentar a produção no país", explica o diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli.

ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico - Localizada em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a usina tem capacidade de produção anual de 5 milhões de toneladas métricas de placas de aço. O projeto engloba, além de dois alto-fornos e aciaria, porto, coqueria e térmica. O projeto começou em setembro de 2004 com a assinatura de um Memorando de Entendimentos entre a Vale a ThyssenKrupp, tendo o lançamento da pedra fundamental ocorrido em setembro de 2006. Em julho de 2009, a Vale aumentou sua participação no empreendimento de 10% para 26,87% para assegurar a conclusão do projeto sem mais atrasos e sua operação a plena capacidade. A TKCSA representa um investimento de 5,2 bilhões de Euros com geração de 30 mil empregos na implantação. Na fase de operação são 3.500 empregos diretos e 14 mil indiretos. A Vale fornece todo o minério de ferro consumido pela TKCSA, representando mais de 8 milhões de toneladas ano.

Alpa (Aços Laminados do Pará) - Antiga aspiração do povo paraense, a usina está localizada no Distrito Industrial de Marabá, no Pará, e terá capacidade anual de produção de 2,5 milhões de toneladas de placas. A Alpa recebeu a Licença Prévia (LP) em 31 de março deste ano e já recebeu a Licença de Instalação (LI) para a terraplanagem, sendo que os serviços já começaram. O início das operações está previsto para 2013. A Alpa tem investimento previsto de 3,2 bilhões de dólares e geração de 16 mil empregos na fase de implantação. Na operação deverão ser mais 5.300 empregos diretos e outros 16 mil indiretos.

A siderúrgica, um investimento 100% da Vale, trará vantagens competitivas para o Estado, uma vez que agregará valor ao minério de ferro extraído das minas de Carajás, no município de Parauapebas (PA).

Em novembro/2009 Vale e Aço Cearense assinaram Memorando de Entendimentos para implantação das linhas de laminação da ALPA: bobinas a quente (710 mil toneladas ano), bobinas a frio (450 mil toneladas ano) e galvanizados (150 mil toneladas ano).

Além da usina siderúrgica para produzir placas e aços laminados, o empreendimento compreende um sistema totalmente integrado: a construção de um acesso ferroviário, para receber o minério de ferro de Carajás; e a construção de um terminal fluvial no rio Tocantins, para receber o carvão mineral e fazer o escoamento da produção siderúrgica até o Terminal Portuário de Vila do Conde, em Barcarena (PA). Além de atender à produção da siderúrgica, a futura hidrovia deverá servir a outras atividades socioeconômicas da região.

Nenhum comentário:

Postar um comentário