Primeiros antecedentes da cevada e suas histórias.
Os grãos marcantes da história humana são o
milho (origem, México), o trigo e a cevada (Iraque) e o arroz (China).
O mais interessante dos grãos que a cevada
sempre esteve junto na história alimentar com o trigo.
Grãos de cevada com 2500 anos.
A domesticação de plantas e dos animais são a
grande diferença que fizeram a humanidade dar um salto em seu desenvolvimento e
o controle e transformação da cevada, mas o malte foi o que faz o homem um ser mais
coletivo.
Bebida de cevada dos egípcios
A cevada cultivada (Hordeum vulgare) é
descendente de cevada selvagem ( Hordeum spontaneum ), que cresce no Oriente
Médio.
Ambas
as espécies são diplóides (2n = 14 cromossomas). Seu cultivo no Egito antigo foi um importante marco no desenvolvimento para o mundo civilizado; no livro do Êxodo, existe citações com relação às pragas do Egito.
Plantação e colheita antiga Espanha.
A cevada era conhecida pelos gregos e romanos, e era usado para fazer pão, que inclusive era base alimentar e a força dos gladiadores romanos.
Na Suíça foi encontrado restos carbonizados de bolos feitos com grãos de cevada moído ainda grosso e trigo que datam da Idade da Pedra.
Na Suíça foi encontrado restos carbonizados de bolos feitos com grãos de cevada moído ainda grosso e trigo que datam da Idade da Pedra.
Por muitos séculos os mais ricos fabricavam seu pão com trigo, e os mais pobres usavam a cevada para produzirem seu pão.
Como trigo e aveia se tornou mais acessível, a foi retirada da produção do pão.
Cristóvão Colombo trouxe sementes de cevada na sua segunda
viagem, sendo semeada, pela primeira vez na América, em 1493. Posteriormente,
foi introduzida no México, em 1500.Como trigo e aveia se tornou mais acessível, a foi retirada da produção do pão.
Chegada de Cristóvão colombo na America
Trigo foi
introduzida na América pelos colonizadores espanhóis.
Um escravo de Hernán Cortés, tinha três grãos de trigo que se encontravam em um saco de arroz enviadas a partir de Espanha, bem conservado e foi plantados em 1529.
Um escravo de Hernán Cortés, tinha três grãos de trigo que se encontravam em um saco de arroz enviadas a partir de Espanha, bem conservado e foi plantados em 1529.
Destes três grãos o trigo chegou no Novo Mundo.
Mas a Cevada é difícil definir a sua data inicial de cultivo na
América do Sul.De acordo com os "Comentários Reais, sobre a história do Peru, do Inca Garcilaso de la vega (1580): "a cevada deve ter chegado junto com sementes de trigo, já que é difícil de separá-la do trigo".
Colheita de trigo por mulheres Peruanas
Em 1556, seu uso era bastante comum no Chile, tendo o
município de Santiago do Chile sido obrigado a decretar um preço máximo de
venda, que era de "12 reales la fanega."
A data inicial do cultivo desse cereal na América do Sul,
tenha sido no momento da fundação do Forte Sancti Spiritus, na atual província
de Buenos Aires (Argentina), pelo italiano Sebastían Gaboto, junto com o
primeiro registro de semeadura de trigo no território argentino, em 1527
(TOMASSO, 1993).Isso leva a crer que a cevada foi introduzida junto com
sementes de trigo.
Depois da conquista do Peru, em 1531, os cultivos de trigo
e de cevada eram muito conhecidos na América.
A cevada se expandiu pelos Andes, substituindo o “trigo”
dos incas: Amaranthus e quinoa (ÁRIAS, 1995).
Em 1556, sua utilização já era muito comum no Chile, onde
havia, até mesmo, um decreto de preço máximo de venda a ser cobrado pelo grão,
no Município de Santiago do Chile (ÁRIAS, 1995).
A
primeira referência à cultura de cevada no Brasil foi em São Paulo em 1583.
E quatrocentos anos depois já em
1854, se menciona como "um cultivo estabelecido nas colônias alemãs do Rio
Grande do Sul".
Colheita dos primeiros colonos alemãos
Em 1584, Frei Cardim
relata o primeiro cultivo de cevada em território brasileiro, no atual Estado
de São Paulo (ÁRIAS, 1995).
Também nesta mesma época, o frei Vicente de Salvador faz
referências à extensão da cultura para regiões mais ao sul, principalmente em
virtude das temperaturas mais amenas e da maior umidade.
Depois desses primeiros cultivos na América, e com a
chegada de grupo de imigrantes do continente europeu, principalmente alemães e
italianos, trouxeram suas próprias sementes de cevada.
Com isso, ocorreu naturalmente a ampliação da variabilidade
genética do cereal, tanto por cruzamentos naturais e mutações quanto por
seleção natural.
Na Argentina, no Chile, no Brasil e, especialmente, nos países
andinos consolidaram-se populações locais de trigo e cevada (ÁRIAS, 1995).
No Rio Grande do Sul, a cultura foi referida como
estabelecida por Hildebrand
somente no ano de 1854, em colônias alemãs, principalmente por causa da
sua maior resistência à ferrugem, em comparação com a cultura do trigo.
Hildebrand refere-se
à cevada como um cultura estabelecida nas colônias alemãs no Rio Grande do Sul,
em 1854,
afirmando ser a cevada mais resistente à ferrugem que o trigo.
Não sabemos a que ferrugem se referia, mais neste estado,
tanto a ferrugem do colmo como a da folha, tem menor importância na cevada que
no trigo.
Muito pouco resta das cevadas cultivadas pelos primeiros
colonos.
Apenas 6 variedades
coloniais foram selecionadas pela Cervejaria Continental de Porto Alegre nas
colônias italianas, nos anos quarenta.
No sul do Brasil, o uso de cevada existia já em forma
artesanal em meados do século passado.
A historia mais atual da Cevada no Brasil.
A historia mais atual da Cevada no Brasil.
As cervejarias locais faziam o próprio
malte com cevada produzida na região.
O início dos trabalhos de melhoramento genético
na América do Sul ocorreu no Uruguai, em 1912, e foi realizado
por Alberto Boerger e Enrique Klein com a seleção de linhas puras de cevada
resistentes à ferrugem-da-folha, a partir de populações conduzidas pelos
colonos da época.
Pouco mais tarde, com base no mesmo princípio, iniciou se o
melhoramento da cevada na Argentina e no Brasil (ÁRIAS, 1995).
Cervejaria Canoinhense é a microcervejaria mais antiga do Brasil em funcionamento desde de 1908, utilizava dessa cevada da região.
Cervejaria Canoinhense é a microcervejaria mais antiga do Brasil em funcionamento desde de 1908, utilizava dessa cevada da região.
No Brasil nos anos vinte as primeiras pesquisas e ensaios foram
realizados pelo agrônomo austríaco Carlos Gayer, juntamente com os de trigo, na
Estação Experimental "Alfredo Chaves", em Veranópolis.
Armazenamento da cevada nos anos vinte
A Cervejaria Continental instalou o primeiro Campo
Experimental de Cevada no Brasil em 1941, em Gramado, RS.
Em 1950, a Companhia Antárctica Paulista contrata a
renomada empresa sueca Weibull produtora de variedades melhoradas, para obter
variedades adaptadas de cevada cervejeira.
A Weibull iniciou seus trabalhos em Carazinho e, durante 20
anos, introduziu material segregante de seu programa europeu de melhoramento de
cevada. Como muitas variedades suecas eram tolerantes à acidez tóxica, começaram
a selecionar variedades adaptadas.
Cevada úmida sendo preparada ser assada para virar malte
Posteriormente, a Companhia Cervejaria Brahma que tinha
adquirido a Cervejaria Continental de Porto Alegre se associou à Weibull para
ampliar a pesquisa de cevada.
O professor Cláudio Barbosa Torres, Gerente de
Fomento e Pesquisa desta Companhia, mudou a Estação Experimental de Cevada de
Gramado para Encruzilhada do Sul, visando selecionar material segregante em
solo com acidez.
De 1968 até 1994, a nova Estação Experimental foi dirigida
pelo engenheiro-agrônomo Arlindo Göcks. Foi ele quem realizou os primeiros
cruzamentos com cevada no Brasil, em 1964.
Atualmente, o programa de melhoramento dessa empresa é
dirigido pelo engenheiro-agrônomo Alessandro Sperotto.
Em 1970, a Weibull do Brasil resolveu encerrou suas atividades
e distribuiu o material segregado entre as duas companhias cervejeiras.
Assim, a Companhia Antarctica Paulista também começou seu
próprio programa de melhoramento em Papanduva, SC, que foi transferido em 1975
para Paulo Frontin, PR e em 1995 para a nova Estação Experimental da Lapa, PR.
O programa foi dirigido no início pelo dr. Gianpiero
Baldanzi e atualmente é coordenado pelo engenheiro-agrônomo Noemir Antoniazzi.
A Companhia Cervejaria Brahma lançou a cultivar Continental
FM 404, seleção de um material de Weibull de origem desconhecida, que foi
cultivada de 1974 até 1987.
E a Companhia Antarctica lançou a cultivar Antarctica 01,
seleção da cultivar alemã Breuns Volla, cultivada até1968 em todas as regiões e
até 1986, em Guarapuava..
Nos anos 80, as variedades mais difundidas foram FM 519 da
Cia Brahma (até 1990) e Antarctica 5, de 1982 até 1993.
A partir de 1977, a Embrapa Trigo iniciou um programa de
melhoramento de cevada cervejeira. Tendo lançado as variedades BR 1, BR 2,
Embrapa 43,
Embrapa 127, Embrapa 128 e Embrapa 129. As cultivares BR 2
e Embrapa 43, ocuparam 90% da área cultivada em 1997.
Cevada especial da Embrapa
O plano nacional de auto-suficiência em cevada e em malte
(PLANACEM) criou incentivos para aumentar a capacidade das maltarias e
financiou a compra da produção por parte da indústria.
A área cultivada
com cevada no Brasil aumentou de 6.703 ha, em 1973, até um máximo de 160.550
ha, em 1982.
O rendimento médio era de 1031 kg/ha, nos anos 70. A
superfície de cevada se estabilizou em torno de 100.000 ha e o rendimento médio
nos anos 80 foi de 1478 kg/ha. Esta linha de financiamento encerrou
em 1982, prejudicando significativamente a produção nacional de cevada e de
malte.
De 1992 a 1994, a oferta de malte subsidiado da União
Européia foi um limitante a mais para a produção de malte nacional.
A partir de
1991 os preços de cevada começaram a sofrer uma queda e por conseguinte por
volta de 1993 começaram a baixar também os preços do malte, devido
principalmente aos subsídios praticados na União Européia. Em conseqüência, a
superfície semeada diminui até 53.269 ha, em 1994.
A melhora dos preços internacionais e a difusão da
variedade BR 2 da Embrapa Trigo contribuíram para aumentar a superfície
cultivada até 125.000 ha, com um rendimento médio de 2.268 kg/ha, nos últimos
dois anos.
Localização
das plantações da cevada no Brasil
Mapa de localização dos plantadores de cevada no Brasil
A produção brasileira está concentrada nos estado do sul, com alguns
registros de cultivo em Goiás e Minas Gerais.
Na década de 1990, o estado do Rio Grande do Sul foi o maior produtor
(66,8% da produção total do país), no entanto, na década seguinte o Paraná
passou a ocupar esta posição (49,8% da produção).
No período de 2007-2011, 55,0% da área de cultivo concentrou-se no
Paraná (62,6% da produção), 42,4% no Rio Grande do Sul (34,9% da produção) e
2,6% em Santa Catarina (2,5% da produção).
No Rio Grande do Sul, a produção está concentrada em duas regiões
distintas: a região Norte, especificamente nas microrregiões geográficas de
Passo Fundo (18,3% da produção do estado) e de Erechim (9,7%) e, na região
central do estado, nas microrregiões de Santiago (10,5%) e Cruz Alta (9,7%).
Em Santa Catarina o cultivo
concentra-se nas microrregiões de Canoinhas (57,6%), Curitibanos (26,5%)
e Xanxerê (11,5%).
No Paraná, a produção se
concentra na região centro-sul do estado, nas microrregiões de Guarapuava
(67,5%) e de Ponta Grossa (12,3%).
Cultivos sob sistema irrigado tem apresentado rendimento médio ao redor
de 5.500 kg/ha, superiores a média nacional da última década próximo a 2.600
kg/ha.
Em geral, os cultivos irrigados do cereal estão localizados em São
Paulo, nos municípios de Paranapanema, Itaberá, Itapeva, Itaí e Taquarivaí.
Dentre os 135 municípios que tiveram registro de
cultivo de cevada em 2010, os municípios de Guarapuava (PR), Palmeira (PR),
Pinhão (PR) e Candói (PR) se destacam pelas maiores áreas colhidas e
quantidades produzidas de cevada.
Em termos de rendimento, os
municípios de Ibiraiaras (RS), Candói (PR), Guarapuava (PR) e Pinhão (PR)
apresentaram os maiores rendimentos registrados.
cervejariatosca@gmail.com
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