quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Nova York estuda criação de parque subterrâneo



Inspirados no High Line, área verde em antiga rodovia suspensa, americanos querem reformular ex-terminal de bonde



Desde sua inauguração em 2009, o High Line, parque elevado sobre o lado oeste de Manhattan, tem atraído visitantes de fora de Nova York que esperam replicar seu sucesso. Os observadores vieram de cidades próximas, como Nova Jersey e Filadélfia, mas também de lugares tão distantes quanto Hong Kong.


Ultimamente, os observadores têm vindo da própria cidade, com planos para um outro espaço verde que chamaria a atenção para um antigo local de tráfego urbano. Mas este parque poderia ser ainda mais ousado, pois seria subterrâneo, em um antigo e úmido ex-terminal de bonde controlado pela Autoridade de Transporte Metropolitano. Embora seus defensores chamem o projeto de "Delancey Underground", outro apelido já foi inventado: Low Line.

Foto: NYT
O ex-terminal de bonde abaixo da rua Delancey, em Nova York, que pode virar área verde (17/11)
Os dois homens por trás do projeto, James Ramsey e Dan Barasch, têm currículos de prestígio (Yale e NASA no caso de Ramsey, Cornell e Google no caso de Barasch). Eles querem converter o espaço em um parque subterrâneo, utilizando tecnologia de fibra óptica para trazer luz natural ao canal – luz suficiente, de fato, para permitir a ocorrência da fotossíntese e, como resultado, plantas prósperas.
Os parceiros se reuniram várias vezes com autoridades do órgão de transporte, que manifestaram interesse. E assim, um pedaço do mundo sob Manhattan pode em breve ter seu momento ao sol.
Seguindo o roteiro fornecido pela Friends of the High Line (Amigos do High Line, em tradução literal), a organização por trás do sucesso do parque elevado, os parceiros estão tentando conseguir o apoio da comunidade. Recentemente eles fizeram apresentações para o conselho da comunidade local e o conselho do Distrito de Melhoria Comercial do Lower East Side. E eles estão prestes a começar um estudo de viabilidade para o projeto, bem como uma campanha de angariação de fundos, embora neste ainda não saibam quanto dinheiro seria necessário para a construção do Low Line."É um pouco perverso, um pouco como ficção científica, mas percebemos que temos a tecnologia para fazer crescer grama e árvores no subsolo", disse Ramsey, 34, um arquiteto que desenvolveu uma tecnologia que chama de "luz solar remota".
Eles também têm procurado a orientação dos co-fundadores do Friends of the High Line, Robert Hammond e Joshua David, que conheceram através de amigos em comum.
"Eles não são apenas uma fonte de inspiração, mas estão nos ajudando estrategicamente", disse Barasch, 34, que trabalha para uma organização sem fins lucrativos. "Depois que apresentamos isso para a comunidade, tivemos uma resposta muito positiva, que foi a reação oposta que o pessoal do High Line teve inicialmente."
Hammond está entusiasmado. "Esse é o tipo de infra-estrutura industrial que você acha que não terá bom uso – assim como uma ferrovia elevada", disse ele. "O que eu gosto é que ele não é o High Line, mas combina tecnologia com uma localização interessante na qual se pode imaginar um uso diferente."
O plano acontece à medida que a autoridade de transporte, que está sob severa pressão financeira, decide usar seus bens não utilizados para ganhar dinheiro, tanto acima quanto abaixo do solo. Tendo recentemente colocado sua sede na Avenida Madison no mercado, a autoridade decidiu promover o potencial de desenvolvimento de várias outras propriedades.
Então, quando Ramsey ligou para Pedro Hine, gerente sênior de propriedade imobiliária na autoridade de transporte, para expor sua estranha visão subterrânea, Hine não riu. Ele escutou.
"Estamos levando isso muito a sério porque precisamos do dinheiro", disse Hine, "e este é um espaço bacana com o qual devemos fazer algo."
Hine advertiu que a autoridade primeiro precisaria emitir um pedido de propostas para a área. O principal interesse da autoridade está na receita decorrente do local e ainda não se sabe se um espaço público gratuito pode servir a esse propósito.
As conexões dos parceiros ajudaram-nos a conseguir reuniões com Jay H. Walder, que recentemente deixou o cargo de presidente da autoridade de transporte, Adrian Benepe, comissário do Departamento de Parques da cidade e outros.
Ramsey e Barasch sabem que o financiamento será um desafio, dados os custos relacionados com o desenvolvimento subterrâneo. Mas eles esperam que uma combinação de doações, dinheiro de concessão, dinheiro público e receita de um número limitado de lojas dentro do espaço possa cobrir a construção e a manutenção do parque.
A autoridade de transporte certamente deve receber outras propostas. "Eles estão entusiasmados e eu gosto disso", disse Hine sobre os parceiros. "Mas há um milhão de pessoas criativas nesta cidade e eu gostaria de receber outras 500 ideias sobre como lidar com este espaço."
Por Lisa W. Foderaro The New York Times 24/11/2011 08:00

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