E agora estou perdido! Devo parar? - Não, se páras, estás perdido.
(Goethe, in "Poemas”.)
A vida é repleta de incertezas e dúvidas.
Este constante mistério a ser vivido, as surpresas que se escondem a cada passo, em cada esquina, em cada caminho e em cada lugar tornam-na uma aventura fantástica.
O desconhecido, a insegurança sobre o que pode acontecer no próximo segundo torna-a plena e transbordante.
Não quero saber o que me reserva o amanhã, não quero um caminho conhecido, experimentado, vivido, de segunda mão; eu quero descobrir os segredos do novo, do diferente, do que está além do conhecimento de massa; eu quero saborear a vida aos poucos, nos seus mínimos detalhes, na sua mais profunda essência.
Descobrir e vencer as dificuldades, os perigos e as armadilhas; trilhar as encostas mais íngremes, os picos mais altos e os abismos mais profundos.
Ser o anoitecer e o alvorecer, o sol e a lua, o dia e a noite, o córrego, o rio e o mar; a montanha e a planície; voar com os pássaros, nadar com os peixes, andar sobre a terra molhada, o gelo, a neve e o deserto escaldante.
Sentir a vida, a energia fluir como um rio; sentir o por do sol, colorindo as nuvens preguiçosas, com o canto melodioso da cigarra de verão; o namoro dos pássaros, fingindo brigas, antes de se recolherem sob as folhas da frondosa árvore.
Caminhar pelas trilhas sentindo o cheiro do mato molhado; beber a água da fonte colhida pelas mãos em concha; sentir as frias gotas de chuva molhando o rosto, os braços, os cabelos...
Olhar para o alto e senti-las batendo nos olhos e nos lábios.
Sentar na relva e namorar a grama, os arbustos, as árvores, as pedras, as formigas, os grilos, o louva-a-deus e todos aqueles insetos coloridos; brincar na areia da praia, fazer castelos de areia, jogar água nos amigos, sentir o riso, a espontaneidade, a alegria de viver, a liberdade de ser...
Não, não estou perdido. Somente está perdido quem pára. Somente está perdido quem não ousa, somente está perdido quem tem medo de viver.
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